quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Brasil é citado várias vezes em discurso da presidente do FED no Congresso

Na última terça-feira (11), a nova presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, realizou seu primeiro discurso para o Congresso norte-americano desde que assumiu o cargo. E o Brasil não ficou de fora dos comentários da líder da autoridade monetária: em um relatório de quase 60 páginas, o Fed abordou diversas vezes o cenário atual dos países emergentes e colocou o Brasil como um dos mais vulneráveis às decisões tomadas nos EUA.

No relatório, o Fed reconhece que, a partir do momento em que começou a sinalizar que iria reduzir os estímulos nos EUA, países emergentes como Índia, África do Sul, Indonésia, Brasil e Turquia foram bastante afetados, com um aumento considerável nos juros de títulos desses países. Apesar de afirmar que em algumas dessas nações os juros de estabilizaram, Brasil e Turquia seguiram com avanço em suas taxas.

Segundo a autoridade monetária, porém, cada país tem sido afetado por uma série de fatores diferente, com alguns sendo mais afetados que outros. Brasil, Turquia e Índia, por exemplo, viram suas moedas locais sofrerem forte desvalorização ante o dólar desde julho do ano passado, quando começaram a ganhar força os rumores de redução de estímulos. Além disso, o déficit comercial e a situação complicada das contas públicas têm afetado esses países de forma particular quando comparados com outros emergentes.

O gráfico abaixo mostra a variação de 6 moedas de países emergentes e seu desempenho ante o dólar desde o início de 2013. O Brasil ficou com o segundo pior desempenho neste período, perdendo apenas para a Turquia e ficando bastante próximo da Índia. Enquanto isso as moedas da Coreia do Sul, México e Taiwan conseguiram manter um desempenho mais próximo do neutro.
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Vulnerabilidade

No documento, o Fed afirma ainda que, após diversas crises na década de 1990, os países emergentes se mostram mais preparados e menos vulneráveis à momentos de dificuldade no mercado. A autoridade monetária destaca que os governos dessas nações realizaram diversos esforços nos últimos anos para controlar a inflação, o que tem levado a uma maior flexibilidade na política de câmbio, além de reduzir o endividamento externo e construir grandes reservas cambiais.

Apesar de dizer que essa vulnerabilidade reduziu nos países emergentes, a autoridade monetária destaca que muitos deles ainda sofrem bastante em momentos de maior volatilidade do mercado mundial, como tem sido visto com o Brasil. O Fed ainda ressalta que os emergentes têm tido bastante dificuldade para superar os problemas no ambiente mais tenso em que o mercado vive.

"Brasil, Índia e Turquia, entre outros emergentes, aumentaram suas taxas de juros desde julho. Além disso, alguns bancos centrais intervieram em seus mercados cambiais para apoiar suas moedas", diz o relatório, exemplificando as medidas tomadas por alguns países para combater a volatilidade.

O gráfico abaixo mostra a vulnerabilidade das moedas dos países emergentes em relação à sua valorização ou desvalorização entre 30 de abril de 2013 e 6 de fevereiro de 2014. A divisa brasileira é apresentada como a segunda mais vulnerável, perdendo apenas para a moeda turca. Enquanto isso, no quesito desvalorização, o Real teve o quarto pior desempenho, perdendo para as moedas da Turquia, Índia e África do Sul.
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legenda: BZ (Brasil); CH (China); CL (Chile); CO (Colômbia); ID (Indonésia); IN (Índia); KO (Coreia do Sul); MA (Malásia); MX (México); PH (Filipinas); RU (Rússia); SA (África do Sul); TA (Taiwan); TH (Tailândia); TK (Turquia).

Fonte: InfoMoney