sexta-feira, 1 de março de 2013

A evolução dos relógios inteligentes

Desde os tempos em que os computadores ocupavam salas inteiras e consumiam quantidades inimagináveis de energia o homem imagina um computador pequeno o suficiente para ser carregado no pulso. Na década de 80 conceito se tornou realidade, embora de forma limitada. Seriam necessárias outras três décadas até que o relógio inteligente, ou smartwatch, ocupasse um lugar de destaque. A seguir mostramos alguns destes relógios, desde os primeiros precursores até as pequenas maravilhas atuais.

Mimo Loga (por volta de 1941)

Na década de 40 surgiram os primeiros relógios com calculadora. O Mimo Loga, mostrado abaixo, tinha tabelas logarítmicas integradas às bordas da face, que funcionava como uma régua de cálculo. Embora não fosse eletrônico, foi a primeira vez em que um relógio pode auxiliar na realização de operações matemáticas. Não seria a última.

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Mimo Loga

Hamilton Pulsar (1972) e Time Computer/Calculator (1975)

O primeiro relógio digital foi o Hamilton Pulsar, de 1972. Bastava pressionar o botão para ver a hora, exibida em números vermelhors num primitivo display LED. Três anos depois a Hamilton lançou o primeiro relógio com calculadora, o Time Computer/Calculator. Os botões com os números eram tão pequenos que era necessário usar uma pequena “caneta” para pressioná-los.

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Hamilton Pulsar (à esquerda) e Time Computer/Calculator (direita)

Seiko D409 Dot Matrix LCD Memory Chronograph (1983)

Em 1982 vários fabricantes demonstraram protótipos de relógios capazes de armazenar informações digitadas pelo usuário. Em 1983 a japonesa Seiko foi a primeira empresa a produzir estes relógios em massa, com a série D409. Servindo como um “bloco de notas eletrônico”, os primeiros modelos do D409 podiam armazenar 112 caracteres (quatro vezes menos que este parágrafo) e recuperá-los mais tarde. A digitação era feita com uma caneta em uma diminuta tela sensível ao toque, abaixo da tela principal.

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Seiko D409

Várias empresas continuaram a produzir até a década de 90 relógios similares (conhecidos como “Databank”, banco de dados) capazes de armazenar anotações e números de telefone, embora poucos deles possam ser classificados como smartwatches. Ainda assim demonstravam o conceito de entrada de dados e armazenamento em memória.

Seiko UC-2000 (1984)

Por volta da época em que lançou os relógios da série D409 a Seiko também lançou o Data 2000, que permitia que os usuários fizessem anotações usando um teclado externo. Um ano depois a empresa deu um passo além com o UC-2000, mostrado na imagem abaixo, que funcionava com um acessório opcional que integrava teclado, computador e impressora e usava o relógio como monitor. Com esse conjunto era possível escrever e rodar programas em BASIC, ou carregar programas armazenados em cartuchos, com os resultados exibidos no mostrador do relógio. Sozinho o UC-2000 era capaz de exibir anotações, mas não de rodar programas. Foi quase um smartwatch.

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Seiko UC-2000

Epson RC-20 (1985)

Em 1985 a Epson lançou o que provavelmente foi o primeiro verdadeiro smartwatch, capaz de funcionar por conta própria: era o RC-20, baseado no popular processador Zilog Z80. Os usuários podiam instalar diferentes programas, armazenados em chips de memória lidos por um acessório opcional. Uma vez carregados, os programas rodavam completamente no relógio. De certa forma, foi o primeiro relógio na história capaz de rodar apps.

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Epson RC-20. Note o acessório para leitura de chips com programas no canto inferior esquerdo

Timex Data Link 150 (1994)

Muitos relógios digitais da década de 80 integravam a função de “banco de dados”, e eram programados através de teclados ou transferência de dados através de um computador. O Timex Data Link 150 foi o primeiro destes a permitir a transferência de informações entre um PC e o relógio sem fios, graças a um sensor óptico instalado no mostrador. Você programava seus compromissos e alarmes em um PC, e software especial fazia a tela “piscar” em um padrão de linhas que o relógio traduzia como informações. Apesar disso, o Data Link 150 não era capaz de rodar programas.

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Timex Data Link 150

Seiko Ruputer (1998)

Foi necessária mais de uma década após o Epson RC-20 para que uma empresa evoluísse de forma significativa o conceito do computador de pulso. Em 1988 a Seiko lançou no Japão o Ruputer, equipado com um processador de 16-Bit operando a 3.6 MHz, 128 KB de RAM e 2 MB de memória interna. Usando um PC era possível instalar programas escritos para o relógio, e ver os resultados na tela de 102 x 64 pixels no mostrador.

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Seiko Ruputer. Note o gerenciador de arquivos no relógio à esquerda

Embora fosse um feito técnico impressionante, o Ruputer continuou sendo um produto de nicho. Ele chegou a ser lançado nos EUA dois anos depois, com o nome de Matsucom onHand PC.

IBM Linux Watch (2000) e IBM WatchPad 1.5 (2001)

Em 2000 a IBM fez progresso significativo na pesquisa e desenvolvimento de smartwatches quando criou o Linux Watch (à esquerda na imagem abaixo), o primeiro a rodar o sistema operacional Linux. Ele tinha 8 MB de RAM e 8 MB de memória flash, e era alimentado por uma bateria de Lítio-Polímero.

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IBM Linux Watch (esquerda) e WatchPad 1.5 (direita)

No ano seguinte a IBM colaborou com a Citizen para criar um protótipo chamado WatchPad 1.5. Ele também rodava Linux, mas em um processador ARM de 74 MHz. Nenhum deles se tornou um produto comercial, mas ambos serviram como importantes provas de conceito para a categoria.

World Network Limited Web-@nywhere (2001)

Este relógio obscuro apareceu brevemente em 2001. Com uma dock ligada ao PC através de uma porta serial era possível transferir até 128 KB de texto (cerca de 10x a quantidade neste artigo) de seus sites favoritos para a memória interna para ler mais tarde. Mas você teria que ler em uma pequena tela LCD de 2 linhas e 18 caracteres, o que soa como masoquismo. Criado pela World Network Limited, uma empresa de Hong-Kong, o Web-@nywhere foi anunciado principalmente através de catálogos de compras, o que explica porque poucas pessoas se lembram dele.

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Web-@nywhere

Fossil FX2001 Wrist PDA (2002)

A fabricante suíça Fossil entrou no mercado de relógios inteligentes em 2002 quando lançou o FX2001 Wrist PDA, que servia de complemento para um PDA ou “Palmtop” (lembra deles?) com o sistema operacional Palm OS e era capaz de exibir endereços ou compromissos transmitidos através de uma conexão infravermelha. O FX2001 não era capaz de rodar apps, o que limitou seu apelo.

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FX2001, da Fossil, podia mostrar informações de PDAs com Palm OS

Timex Ironman Data Link USB (2003)

Em 2003 a Timex fez uma grande atualização em sua linha de produtos Data Link ao permitir que os usuários instalassem diferentes programas, ou “WristApps”, neste relógio. O sistema de transferência óptica foi substituído por uma ligação com o computador através de um cabo USB. A Times oferecia em seu site várias WristApps, incluindo jogos e utilitários para auxiliar em exercícios físicos.

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Timex Ironman Data Link USB (crédito: Timex)

Microsoft SPOT Watches (2004)

No início dos anos 2000 a Microsoft fez experiências com a tecnologia de smartphones criando o Smart Personal Object Technology, ou SPOT, um nome bonito para aparelhos do dia-a-dia com computadores integrados. O primeiro uso da tecnologia foi em relógios que recebiam, através de uma conexão sem fios via FM disponível em algumas grandes cidades nos EUA, notícias e previsão do tempo enviadas pelo MSN Direct, um serviço por assinatura.

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Suunto n3 (esquerda) e Fossil Abacus AU4000 (direita). Relógios inteligentes com tecnologia Microsoft

Os dois primeiros relógios com SPOT e MSN Direct foram produzidos pela Suunto (na imagem acima, à esquerda, temos o n3) e Fossil (Abacus AU4000, à direita) em 2004. Mas o MSN Direct nunca foi um sucesso, e a Microsoft desativou o serviço em 2008.

Fossil FX2008 Wrist PDA (2005)

No mesmo ano em que anunciou o Wrist PDA (2002), a Fossil anunciou também um computador de pulso mais sofisticado, equipado com o sistema operacional Palm OS. Com isso ele era capaz de rodar quase qualquer aplicativo desenvolvido para os assistentes pessoais da Palm, o que o tornava um smartwatch muito versátil. Mas problemas com a produção adiaram o lançamento do produto até o início de 2005, quando foi recebido com desapontamento pela imprensa.

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Fossil FX2008 Wrist PDA: um verdadeiro computador de pulso

Citizen i:Virt W700 (2007)

Embora a Fossil tenha sido a criadora do primeiro smartwatch capaz de servir como extensão de um PDA, foi a Citizen que criou o primeiro capaz de obter informações de um smartphone via Bluetooth. O aparelho se chamava i:Virt W700, e foi lançado no Japão em 2007. A Citizen continuou a refinar sua linha de relógios inteligentes equipados com Bluetooth ao longo dos três anos seguintes, mas nenhum deles teve muito impacto fora de sua terra natal.

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Citizen i:Virt W700, o primeiro com integração com o celular via Bluetooth

iPod Nano de sexta geração com a Griffin Slap (2010)

É estranho, mas a era dos relógios inteligentes modernos não começou com o lançamento de um relógio, mas sim com a sexta geração do diminuto iPod Nano em 2010. Logo após seu lançamento a fabricante de acessórios Griffin Technologies anunciou uma nova “capa”, a Slap, que permitia que o iPod fosse usado no pulso como um relógio.

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6ª geração do iPod Nano "virou" relógio por causa de acessórios

Um mês depois nascia no Kickstarter (site onde os usuários podem "patrocinar" projetos que julgam interessantes) um projeto chamado “TikTok + LunaTik”, visando produzir pulseiras de relógio para o Nano, que arrecadou quase US$ 1 milhão e estabeleceu um novo recorde para projetos no site, ajudando a elevá-lo aos olhos do grande público.

Sony SmartWatch (2012)

Em 2010 a Sony-Ericsson lançou o LiveView, um acessório com uma diminuta tela OLED que podia ser conectado a smartphones Android via Bluetooth. Os críticos não gostaram muito. Dois anos depois a Sony revisou o conceito no SmartWatch, que fazia basicamente a mesma coisa, e também não agradou. Ainda assim ambos são notáveis por serem as primeiras tentativas de um grande fabricante de eletrônicos, embora nenhuma delas tenha sido bem sucedida.

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Sony Smartwatch tem apps e se comunica com o smartphone

Pebble E-Paper Watch (2013)

No início de 2012 a Pebble Technology, uma empresa baseada em Palo Alto, na Califórnia, começou um projeto no Kickstarter para completar o protótipo de um relógio inteligente baseado na tecnologia de papel eletrônico (E-Paper) e levá-lo ao mercado. O Pebble imediatamente chamou a atenção tanto pela tecnologia da tela, que consome pouquíssima energia e permite longa autonomia de bateria, como pela integração transparente com iPhones e smartphones Android via Bluetooth. Ele também pode rodar aplicativos feitos sob medida e, claro, mostra as horas.

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Pebble E-Paper Watch: sucesso absoluto no Kickstarter

A Pebble Technology pediu US$ 100.000 no Kickstarter, mas ao final da campanha havia arrecadado mais de US$ 10 milhões. O volume de pedidos acabou causando um atraso no lançamento, feito em janeiro deste ano em quantidades limitadas.

Fonte: IDG Now