terça-feira, 17 de agosto de 2010

Terceirização de TI está com os dias contados?

Na perspectiva de Arjun Sethi, vice-presidente da consultoria A.T. Kerney, em cinco anos, o outsourcing (terceirização) dos produtos e serviços de TI, pelo menos da forma que conhecemos hoje, vai desaparecer. “Novos players, que ainda não entraram no mercado, irão dar as cartas nesse segmento”, avisa Sethi. O consultor faz essa afirmação com base nas previsões de uma reconfiguração em massa do setor de terceirização. A mudança será provocada, em grande parte, pela disseminação da cloud computing (computação em nuvem).

Em um futuro não muito distante, o especialista vê que o mercado de outsourcing será dominado por empresas como Amazon e Google, além de nomes ainda desconhecidos. Enquanto isso, os fornecedores tradicionais de serviços terceirizados, como HP, Dell e Xerox, terão grandes dificuldades para sobreviver ao novo mercado. Durante entrevista exclusiva à CIO/EUA, Sethi fez uma análise do que será o setor de outsourcing de TI em um futuro não muito distante.

CIO: Não seria um exagero falar na morte do outsourcing de TI?

Arjun Sethi: Acredito que não. Estamos acostumados a conceber a terceirização tradicional de TI com acordos firmados em longo prazo e que incluem o desenvolvimento e a manutenção de códigos customizados. Isso funciona, até hoje, a cargo de uma legião de programadores e exige a integração local. Nesse sentido, acho que estamos rumando em outra direção. Acredito em um novo modelo, no qual os fornecedores de outsourcing vão oferecer soluções padronizadas e baseadas na demanda. Para tal, é provável que combinem vários modelos de terceirização dos processos de negócio (BPOs) com a tecnologia da computação na nuvem. Com base nesse modelo, os clientes poderão contratar outsourcing de todos os processos comerciais e pagar apenas pelo contingente de serviços usados.

CIO: Mas os fornecedores de serviços terceirizados já não estão se preparando para cloud computing?

Sethi:  Nos últimos dois anos, vimos uma série de empresas investindo na aquisição de toda a indumentária necessária para sobreviver a essa mudança e para criar um novo modelo de negócios para a indústria de outsourcing. Estou falando de hardware e de conectividade que possibilitam executar serviços de rede e de armazenamento. Também entram nessa relação softwares que possam ser posicionados em plataformas partilhadas no ambiente da nuvem. Isso demanda, no entanto, fôlego financeiro para implementar um modelo de cobrança baseado na demanda real. Esse é, na minha visão, o passo preeliminar rumo ao que chamo de revolução no mercado de BPO e terceirização da TI, em geral.

CIO: E por que as provedoras tradicionais estariam em perigo?

Sethi: Essas organizações não estão entendendo a mensagem. Elas, de fato, realizaram alguns investimentos. Mas ainda lhes resta muito a fazer se quiserem ter retorno sobre os milhões de dólares que injetaram nas recentes aquisições.

CIO: O que deve acontecer com os fornecedores de serviços indianos?

Sethi: Não há muita esperança para eles. E essa conclusão está baseada no comportamento reticente de grandes players ,como a Infosys, a TCS e a Wipro. Essas empresas dispõem de um caixa enorme e, mesmo assim, ainda não realizaram investimentos ousados. A questão que se coloca é: será que elas serão ágeis o suficiente para acompanhar o despertar dos clientes e poderão erradicar as preocupações referentes ao modelo de negócios e à proteção dos dados?

CIO: Boa parte dos clientes de outsourcing ainda fica relutante quando o assunto é computação na nuvem. Como isso deve mudar nos próximos.

Sethi: Estamos no olho do furacão. Nossa recentes pesquisas com clientes demonstram que há um grande interesse nessa área. As previsões são de que, nos próximos anos, exista uma expansão acelerada do setor, que deve ultrapassar um faturamento de 50 bilhões de dólares.

CIO: E qual o modelo de negócios que os clientes corporativos adotarão na nuvem? A ideia é que as empresas trabalhem com múltiplos fornecedores?

Sethi: Ainda não há um modelo de negócios ideal e sustentável. Acredito que, de acordo com a dinâmica atual no cenário de fornecedores e com as aquisições acontecendo em ritmo acelerado, isso descreve a maneira como os negócios devem se desenvolver e de que maneira serão adotados pelos clientes.

CIO: Recentemente, o senhor mencionou a Microsoft e a SAP como potencial líderes nesse novo universo de outsourcing. Mas esses nomes não têm tradição nesse segmento...

Sethi: Pense na oferta dessas empresa na nuvem. Elas já se armaram bem para essa mudança de ambiente. Claro que essa migração vai exigir uma alteração significativa no DNA dessas organizações. A Microsoft, por exemplo, terá de esquecer o negócio que lhe rendeu o sustento até então, ou seja, a venda de licenças de sistemas operacionais, e terá de operar com as plataformas de maneira remota. O sucesso delas também está atrelado à velocidade em que responderão à demanda por serviços de infraestrutura que, até então, ainda não fazem parte do portfólios dessas empresas. Se essas duas empresas descobrirem a receita de um modelo de negócios efetivo, podem sair vencedoras

Fonte: ComputerWorld 

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Joãosinho Trinta (14030) é o nosso Distrital no DF. E para Deputado Federal, conheça as propostas de Ricardo Marques (1444): Pense à Frente!