quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mitel Networks anuncia joint-venture com EBX

   Divulgação
Terence Matthews, o Bill Gates canadense: parceria com Eike Batista, de olho nas oportunidades no mercado de telecomunicações brasileiro

"Timing é essencial. Estou aqui porque tudo está para mudar". Foi assim que o empresário britânico Terence Matthews, presidente do conselho da Mitel Networks, explicou o motivo de estar abrindo uma nova empresa de sistemas de telecomunicações no Brasil em conjunto com a EBX, holding controladora das empresas do bilionário brasileiro Eike Batista.

A nova empresa irá incorporar os clientes atendidos hoje pela Mitel no Brasil. Desde 2007, a empresa opera no país fornecendo serviços de voz, dados e vídeos baseados em redes digitais (IP) para empresas, universidades e governos. A companhia estima a sua participação de mercado em 5%. Mas Matthews aposta na expansão da rede de internet banda larga para fazer sua empresa crescer.

"Há dez anos seria suicídio entrar aqui para fazer isso, mas o custo do serviço por usuário caiu de US$ 1 mil para US$ 9 nesse período. Agora vai avançar muito rápido", disse o executivo ao ser questionado sobre a carência do país por infraestrutura local de transmissão de dados.

Matthews também diz não ter medo de disputar mercado com companhias já estabelecidas no país. Segundo ele, cada vez mais as telecomunicações estão sendo transferidas para a internet. "Três em cada quatro CEOs estão virtualizando seus sistemas", afirmou. "É um mercado completamente novo. Se não há mudança, é difícil entrar. Mas nunca vi uma época com tantas oportunidades."

Fábrica e pesquisa

Negociado desde agosto, o acordo prevê a fabricação local de equipamentos por meio de parcerias com outras indústrias para abastecer o país e a América Latina, região hoje gerenciada a partir de Ottawa, no Canadá, onde fica a sede da Mitel. A produção começará no quarto trimestre deste ano.

Também será criado um centro de pesquisa local. A Mitel fará a transferência de conhecimento e tecnologia e a EBX, que já atua nos segmentos de mineração, imóveis, energia, fontes renováveis e entretenimento por meio de dez empresas, ajudará a entender melhor o mercado brasileiro e a fazer pontes com clientes locais. Espera-se que a nova empreitada gere 1 mil empregos diretos e indiretos.

Poucos detalhes do negócio foram divulgados porque a Mitel está em período de silêncio devido à sua abertura de capital na bolsa Nasdaq, nos Estados Unidos. Novas informações foram prometidas para o fim de abril.

O que se sabe até o momento é que a sede da nova empresa será no Rio de Janeiro, onde ficam as outras empresas de Eike Batista. Mas o centro de pesquisa não será instalado na cidade. O nome da nova companhia já está definido, mas não foi divulgado porque seu registro ainda está em curso. "Só posso garantir que terminará com xis", disse Matthews, ao brincar com a superstição de Batista de incluir a letra no nome de todas as suas companhias.

Bill Gates canadense

Pouco conhecido no Brasil, Matthews é um dos principais empresários do Canadá e foi apresentado aos jornalistas presentes na coletiva de imprensa como o Bill Gates canadense. No entanto, o empresário nasceu no Reino Unido, onde começou sua carreira na indústria de telecomunicações como aprendiz do que viria a ser a British Telecom.

Mudou-se para o Canadá, onde fundou a Mitel com Michael Cowpland, em 1973, com um empréstimo de US$ 4mil. Hoje a Mitel fatura US$ 1 bilhão por ano, emprega 3,5 mil pessoas e tem fábricas próprias em cinco países (China, Índia, Estados Unidos, Reino Unido e Canadá). Aos 66 anos, Matthews é um empreendedor serial: já abriu mais de 89 empresas.

Em todas elas, aplicou uma filosofia que agora pretende reproduzir no Brasil. Prefere, por exemplo, trabalhar com recém-formados porque "eles não têm mulher ou filhos e podem trabalham duro, não fazem questão de ganhar muito". Para compensar, seus funcionários ganham ações da empresa. Também aposta no foco em pesquisa de novas tecnologias e sempre busca o apoio de uma grande companhia. "Aprendi a fazer empresas com pouco dinheiro", diz Matthews. "De todas as minhas companhias, apenas cinco falharam. Posso ser novo no Brasil, mas sei o que estou fazendo."

Fonte: Época Negócios