quinta-feira, 1 de abril de 2010

Classes C, D e E detêm 82% das contas em bancos

Do total de pessoas que têm conta bancária, apenas 18% pertencem às classes A e B. Esse número é mais um comprovante do recente aumento de renda e de compra da emergente classe C, que representa 59% do total de contas, e também mostra uma onda de bancarização nas classes D e E, 22% do total. Os dados são da última pesquisa Datamaioria (Data Folha/Data Popular), que demonstra maior acesso geral a serviços bancários, que antes ficavam mais restritos ao topo da pirâmide social.

Além do acesso a serviços financeiros, a pesquisa apurou a divisão social em relação à posse de cartão de débito ou crédito. O quadro é parecido com o acesso a contas bancárias: de cada cem usuários de cartão, 18 pertencem às classes A e B, 60 são da classe C e 22 vêm das classes D e E.

Mesmo que haja maior acesso ao crédito nas classes emergentes, não será simples para os bancos conquistar essa fatia de clientes, possuidores de um jeito próprio de organizar as finanças, como explica Renato Meirelles, sócio diretor do Data Popular e especialista no comportamento do consumidor de baixa renda. "A maioria dos consumidores de baixa renda quer que alguém ensine a comprar de forma inteligente, e não ouvir que não podem comprar. Essa lógica é um desafio para os bancos", afirma.

Um dado que atesta a necessidade de mudar a estratégia para emprestar dinheiro para classes mais baixas é que 80% das pessoas das classes C, D e E não se sentem confortáveis em pedir empréstimos a uma instituição financeira. De acordo com Meirelles, esse público prefere pagar tudo à vista para não se endividar, mas, ao mesmo tempo, não deixariam de ter um gasto que entendem como um investimento.

"A percepção dos emergentes sobre as instituições financeiras é de um relacionamento distante, que se baseia numa linguagem de difícil entendimento", afirma Meirelles. Além do distanciamento da linguagem, ele ressalta que as campanhas que abordam o uso consciente do crédito acabam transformando um empréstimo em concorrente das compras, e não numa ferramenta para facilitar o consumo.

O estudo ainda colhe outros dados que provam que as classes emergentes usam sim o crédito, mas por não se sentirem confortáveis com instituições financeiras, emprestam dinheiro por outros meios. Por exemplo, 27% da população da classe C e 45% da D fizeram alguma compra fiada nos últimos seis meses; outra saída encontrada é emprestar o cartão de crédito para compras de familiares ou amigos, solução utilizada por 22% da população da classe C e 25% da D. Esses dados são positivos para as instituições de crédito, mas também indicam que deve haver uma mudança de estratégia por parte delas.

Fonte: PEGN