quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O que esperar do Mercado de Ações

O texto abaixo foi divulgado pela Planner Corretora para todos os seus clientes. Num período de turbulência como o atual, é sempre interessante ver o que os analistas esperam do mercado de ações.
 
"De outubro a dezembro de 2009, os  indicadores de atividade divulgados pelos EUA e alguns países da Zona do Euro postergaram o processo de  realização de  lucros na Bovespa, pois era nítida a perda de  “fôlego” do movimento de alta do Índice Bovespa até o encerramento do ano. No desenrolar de janeiro de 2010, apesar da alta  inicial,  a  possibilidade  de  retração  na  disponibilidade  de  crédito  na China  e maior  regulamentação  dos bancos americanos  foi o pretexto para o  início dessa realização,  intensificada pelos problemas de  liquidez de Grécia, Portugal, Espanha e Itália na Zona do Euro. Ou seja, faltavam notíciam “de peso“ como justificativa.
 
A questão que envolve China e EUA - crédito e bancos, respectivamente - é salutar pois realmente necessitam de  maior  regulamentação.  Os  chineses  estavam  tomando  crédito,  dentre  outras,  para  atuar  no  mercado financeiro  e  já  era  preocupação  do  governo  chinês  esse  crescimento  desordenado  do  crédito.  Os  bancos americanos, depois da ajuda dos recursos do Tarp e a tímida recuperação econômica, passaram a dar lucro e a  negociar  a  devolução  desses  recursos.  Logo,  a  questão  “distribuição  de  resultados”  voltou  a  ser  foco  de atenções e críticas não faltaram, inclusive ainda pela própria exposição do sistema.
 
O que mais preocupa no momento, já que podemos ter abortada a precária recuperação econômica mundial, é justamente o agravamento das condições orçamentárias e  fiscais de países da Zona do Euro, a alimentação da possibilidade de contágio dos demais países e principalmente a “sobrevivência” do padrão euro alardeada por alguns economistas  internacionais. A União Europeia  rejeita a ajuda do FMI e garante que a solução de seus problemas será doméstica. Enquanto isso, a bela valorização do Ibovespa em 2009 vai sendo consumida diante de nossos bons fundamentos, apenas por questões de aumento da aversão ao risco.
 
Em 11/2 a cúpula da UE se  reúne para dar uma  resposta à nova crise e  já se  insinua que poderá haver um novo pacote. Em 07/2, a reunião de ministros de Finanças do G-7, no Canadá, manteve o suspense sobre a capacidade dos governos de criar um plano de resgate das economias mais endividadas da Europa. Por mais que essas dívidas estejam  corroendo a  confiança dos mercados, os governos europeus deixaram  claro que não vão retirar ainda os incentivos econômicos.
 
O  fim  do  apoio  poderia  jogar  a  economia mundial  de  volta  à  recessão. O  problema  é  que  esses mesmos governos enfrentam um grande dilema: precisam continuar gastando para evitar a recessão, mas estão com as contas em um estado crítico. O problema é ainda mais grave porque na crise os países (ricos) do G-7 (EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, França, Itália e Canadá), acumularam juntos, uma dívida de US$ 30 trilhões, mais da metade do PIB mundial. Ministros europeus usaram o G-7 para  tentar passar o recado de que a situação está sob controle.
 
O temor dos mercados é que, apesar dos planos de redução de gastos, os gregos e outros países não tenham como financiar sua dívida. Timothy Geithner, secretário do Tesouro dos EUA, disse que a UE promete acertar a situação "com cuidado", o que provocou a expectativa de que um plano esteja sendo preparado em Bruxelas. Como  afirmou  Roubini:  nunca  esteve  tão  pessimista  em  relação  aos  países  da  zona  do  euro  diante  de problemas  fiscais  e  de  baixa  competitividade  nas  zonas  periféricas  da  região.  Para  Roubini,  a  Espanha representa  um  risco muito maior  para  a  unidade  da Europa  do  que  a Grécia,  pois  trata-se  da  quarta maior economia da eurozona, com problemas fiscais e alto desemprego. Segundo ele, se a Grécia afundar, será um problema para a zona do euro, se a Espanha afundar será um desastre.
 
De qualquer forma, os mercados estarão expressando preocupações e continuarão agregando volatilidade aos negócios, o que certamente  levará o  Ibovespa a  testar novas mínimas se o noticiário não  trouxer essas  tão esperadas medidas  de  equilíbrio  às  contas  de  Portugal  e  Espanha.  Nosso  conforto  será  a  divulgação  dos balanços do 4º trimestre de 2009, onde são esperadas recuperações dos resultados e margens operacionais, que mostrarão que o Brasil, com essas realizações, ficou mais barato.
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Fonte: Planner Corretora

Posted via email from Ramon E. Ritter